Etiologia: Siri-i-pe: Em tupi, siri é “caranguejo”, i é “água”, pé significa “caminho ”ou “curso” = curso do rio dos siris, ou simplesmente rio dos siris. Na linguagem do colonizador, Siri-i-pe transformou-se em Sergipe.
Siri-i-pe, palavra de origem tupi, significa “curso do rio dos siris”, ou simplesmente “rio dos siris”. Mais tarde foi adotado Cirizipe ou Cerigipe, que significa "ferrão de siri", nome de um dos cinco caciques que se opuseram ao domínio português. Na linguagem do colonizador, Siri-i-pe transformou se em Sergipe. Com a divisão do Brasil em 15 (quinze) Capitanias Hereditárias, o atual território sergipano fazia parte da capitania que se estendia da foz do rio São Francisco à Ponta do Padrão na Bahia (Baía de Todos os Santos), concedida a Francisco Pereira Coutinho, em 1534, por Carta de Doação. A presença de Coutinho não alcançou as terras sergipanas, favorecendo a ação dos piratas franceses que contrabandeavam o pau-brasil, contando com a colaboração dos Tupinambás, tribo indígena que habitava o litoral sergipano. As terras sergipanas, na época do descobrimento, eram habitadas por várias tribos indígenas. Além dos Tupinambás e caetés - tribos predominantes que ocupavam cerca de 30 aldeias ao longo do litoral e ambas pertencentes ao grupo tupi-, havia, Xocós (única tribo sobrevivente, que vive na Ilha de São Pedro, no município de Porto da Folha), Aramurus e Kiriris, nas margens dos rios São Francisco e Jacaré; Aramaris, Abacatiaras e Ramaris, no interior, além dos Boimés, Karapatós e os Natus. Devido ao fracasso do sistema de capitanias, das quais só duas prosperavam, a Coroa portuguesa comprou, em 1549, a capitania da Baía de Todos os Santos, incluindo Sergipe - dos herdeiros do donatário, para sediar o governo-geral e nomeou Tomé de Souza como primeiro governador-geral da Colônia. A primeira tentativa de colonização de Sergipe ocorreu a partir de 1575, quando os jesuítas Gaspar Lourenço e João Salônio percorreram algumas aldeias e por onde passaram, fundaram as missões de São Tomé e ergueram igrejas dedicadas a São Tomé - nas imediações do rio Piauí (supõe-se no atual município de Santa Luzia do Itanhy) -, a Santo Inácio - às margens do rio Vaza-Barris (Itaporanga D'Ajuda) -, e a São Paulo - provavelmente em território que hoje pertence ao município de Aracaju -, localizadas em terras dominadas pelos caciques tupinambá Surubi, Serigi e Aperipê. A chegada do então governador Luis de Brito a região, insatisfeito com esta primeira tentativa de colonização, provocou a fuga dos índios. Por ele interpretado como rompimento das relações amistosas, serviu de pretexto para atacá-los, resultando em morte de muitos índios que não conseguiram fugir, inclusive de Surubi, e aprisionamento de Serigy. A ação de Brito não contribuiu para a conquista de Sergipe, que só aconteceu através uma guerra sangrenta contra os indígenas que foram definitivamente dominados por Cristóvão de Barros, em 1590, com a derrota do temido cacique Boipeba.Por ordem do rei Felipe II da Espanha e I de Portugal, Cristóvão de Barros fundou um arraial denominado de cidade de São Cristóvão, sede do governo, e deu à capitania o nome de Sergipe Del Rey, da qual foi nomeado o primeiro capitão-mor. Montada a máquina administrativa, começou o trabalho de colonização e povoamento de Sergipe, através de doações de sesmarias. As imediações dos rios Reais e Piauí foram as primeiras a serem povoados. No início do século XVII, a colonização continuou nas regiões do Norte, pelas margens do rio São Francisco. Entre 1637 e 1645 Sergipe esteve sob domínio dos holandeses, período no qual sua economia foi bastante prejudicada. Durante a invasão, São Cristóvão foi praticamente destruída, sendo reconstruída depois da expulsão dos holandeses. Após restituir o domínio português, a vida em Sergipe volta a se normalizar lentamente, desenvolvendo-se a cultura de mantimentos e a pecuária. Surge, na época, a lenda das minas de prata na Serra de Itabaiana.
No século XVIII, o cultivo da cana-de-açúcar começa a se desenvolver em Sergipe, atividade econômica que logo enriqueceu e destacou o Vale de Cotinguiba, superando o comércio de gado, inicialmente base da economia da capitania. Chegaram também os primeiros escravos da África para trabalharem na lavoura. Em 1696, Sergipe consegue sua autonomia jurídica com a criação da Comarca de Sergipe, sendo Diogo Pacheco de Carvalho nomeado como primeiro ouvidor. Em 1698 foram instaladas as primeiras vilas: Itabaiana, Lagarto, Santa Luzia e Santo Amaro das Brotas. No começo do século XIX, Sergipe tinha economia própria e o seu principal produto era o açúcar. Criava-se gado e produzia-se também algodão, couro, fumo, arroz, mandioca, produtos exportados para as capitanias vizinhas.Em 1763, a Bahia, Sergipe, Ilhéus e Porto Seguro foram reunidos em uma só província, e Sergipe tornou-se responsável por um terço da produção açucareira baiana. Constantes intervenções na vida sergipana contribuíram para que aumentassem os protestos nas câmaras municipais contra a dependência da Bahia. Então, no dia 08 de Julho de 1820, um Decreto de Dom João VI elevava Sergipe à categoria de Capitania independente da Bahia e Província do Império do Brasil, com o brigadeiro Carlos César Burlamaque nomeado seu primeiro governador. A independência, porém, durou pouco. Em 1821, logo depois de chegar em Sergipe, Burlamaque foi preso por ordem da Junta Governamental da Bahia e conduzido para Salvador por não querer aderir ao movimento constitucionalista. Finalmente, em 5 de dezembro de 1822, Dom Pedro I confirmou o decreto de 1820 que dava independência a Sergipe Del Rey, sendo nomeado Presidente, no ano seguinte, o brigadeiro Manuel Fernandes da Silveira. Em 1836, a Revolta de Santo Amaro voltou a tumultuar a vida em Sergipe, estendendo-se por outras vilas. Durante o conflito formaram-se os partidos Liberais e Conservador, os quais dominaram a política sergipana durante o Império. Com a decadência da cana-de-açúcar, a economia de Sergipe passa a depender da produção de algodão. Em 17 de Março de 1855, a província ganha uma nova capital. O então presidente Inácio Joaquim Barbosa transfere o comando político-administrativo para o povoado de Santo Antônio de Aracaju, à margem direita do rio Sergipe. A mudança, movida por razões econômicas, gerou protestos em São Cristóvão. Em 1860, a Província recebe a visita de Dom Pedro II que percorre vários municípios sergipanos. Considerando a monarquia um fator de atraso para o Brasil, começa a se formar em Laranjeiras o Partido Republicano, que, em 1889, consegue eleger os primeiros representantes para o Congresso Federal; entre eles o escritor e filólogo João Ribeiro. Em 1892 é promulgada a primeira Constituição do Estado de Sergipe e, em 1920, durante as comemorações dos 100 anos de independência, foi oficializada a bandeira. No início da República, Sergipe sedia movimentos rebeldes os quais disputam a hegemonia política local. Essas revoltas são motivadas pela interferência dos governos centrais que nomeiam para sucessivas chefias do Estado intelectuais sergipanos de projeção nacional, mas que não possuem raízes partidárias na região. Durante uma década, o Nordeste brasileiro viveu o clima do cangaço com o surgimento do bando chefiado por Virgolino Ferreira, o Lampião. O grupo percorreu Sergipe e mais seis estados nordestinos até 1938, ano em que Lampião foi surpreendido pela volante e morto junto com Maria Bonita e mais nove companheiros em seu esconderijo em Angico, no município de Poço Redondo, no vale do São Francisco. Em Agosto de 1942, Sergipe virou notícia nacional com a divulgação que, próximo à foz do rio Real (hoje Praia dos Náufragos), o submarino alemão denominado U 507, afundou os navios mercantes brasileiros Baependy, Araraquara e Aníbal Benévolo. Seguindo sua patrulha em direção Sul, o submarino fez mais três vítimas, o Itagiba, o Arará e o veleiro Jacyra, provocando protestos em Sergipe e em todo o país. Poucos dias depois dos naufrágios, o Brasil declarou guerra aos países do Eixo e sua participação na II Guerra Mundial.
RESUMO DA FORMAÇÃO HISTÓRICA:
- A colonização só é possível depois da tomada, em 1590, das aldeias indígenas hostis à ocupação. - A fundação do Arraial de São Cristóvão, sede da capitania de Sergipe del-Rey, torna a região importante pólo de criação de gado e plantação de cana-de-açúcar. - As invasões holandesas prejudicam a economia, recuperada com a volta dos portugueses, que retomam as antigas atividades. - Em 1763, é anexado à Bahia e torna-se responsável por um terço da produção açucareira baiana. - Volta a ser autônoma em 1820, por decreto de Dom João VI. - Com o fim do ciclo do açúcar, ocorre um aumento considerável na produção de algodão em conseqüência da Guerra da Secessão, nos EUA. - No início da República, sedia diversos movimentos rebeldes que disputam a hegemonia política local.
Quando Começou a colonização de Sergipe?
A colonização do território onde hoje está Sergipe começou em 1590. Esse território fazia parte da capitania doada a Francisco Pereira Coutinho em 1534, que se estendia do Rio São Francisco até a Ponta do Padrão na Bahia.
Por que a capitania foi chamava a princípio Sergipe d’El Rey?
O território entre o Rio Real e o Rio São Francisco foi comprado pelo Rei D. João III, após o falecimento do donatário da capitania da Bahia em 1547, de seus herdeiros com a finalidade de barrar a incursões francesas.
Quem habitava Sergipe antes do processo de colonização Português?
Sergipe era habitado por tribos Tupinambá, Kiriri, Boimé, Karapotó, Aramuru entre outras, sendo que predominava aqui tribos tupinambás.
Antes da colonização os índios tiveram contato com os brancos(europeus)?
Sim. As expedições piratas franceses estabeleceram contato com as tribos do litoral sergipano, efetuando escambo, ou seja, troca de objetos (miçangas, espelhos, instrumentos de metal, etc. ) por Pau-Brasil. Essa relação entre franceses e índios ocorria de forma amistosa ao contrário da relação hostil empreendida pelos colonizadores portugueses. Em 1575, após solicitação de alguns chefes indígenas, padres jesuítas fundaram missões no território onde hoje está Sergipe. Foram criadas as missões de São Tomé (na atual Santa Luzia do Itanhy), Santo Inácio (as margens do rio Vasa-Barris em Itapuranga) e São Paulo (no litoral). Os jesuítas responsáveis pela catequização dos indígenas foram; Gaspar Lorenço e João Salônio.
|